sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Seu nome mesmo...

P.: Por mais que eu faça, não consigo gravar o nome das pessoas. Sou desmemoriado mesmo! Aí, passo por umas situações muito chatas, a pessoa falando, dando oi, etc. e tal, pergunta mil coisas, e eu só tentando lembrar o nome do fulano… Tem jeito? Raul, Niterói
R.: Bota chato nisto! Afinal, nome é algo super importante: sintetiza identidade e personalidade. Por isso que a escolha do nome de um bebê é tão difícil e é a primeira coisa que as pessoas perguntam, junto com sexo e saúde! O mesmo vale para produtos - é a logomarca. Mas quem já não passou por uma situação de esquecer de um nome? E o contrário também: você percebe que a pessoa não está lembrando seu nome, ou simplesmente chama por algo parecido, mas que, de jeito maneira alguma é você! Pior é quando ligam e falam: -Adivinha quem é?

Não sei, não quero saber…
Dizem que o fato de não lembrar o nome é desinteresse. Discordo. Acho que é falta de atenção, algo totalmente diferente. Você pode estar focado em outra coisa, no que a pessoa faz e diz, e acaba esquecendo o nome! Uma vez, me aconteceu algo parecido, em propaganda. Era um grande lançamento, uma linha de televisores. Aproveitamos a época da copa e as chamadas eram do gênero: “entrou em campo a grande seleção de televisores”; “escale a melhor marca para sua casa”; tudo gravado no maior estádio de futebol de São Paulo.

Sempre tem um mas…
Antes da campanha entrar no ar, lá fomos nós apresentar na convenção de vendas. Gente do Brasil todo, auditório cheio. Vamos mostrando as peças de propaganda. Finalmente, apresentamos a grande estrela: o filme. Mal passamos, entre os aplausos, um voz lá do fundo: -Dá para passar de novo?
Gelei, mas respondi: -Claro! E lá rodamos o filme. A mesma voz: -Dá para parar quando eu pedir? Ai,ai, ai, meus sais! O que seria? Rodamos e na hora que o desinfeliz pediu, paramos.
PIMBA! Lá estava, bem grande, no muro do estádio, um painel com a propaganda do concorrente…

Nem notamos
Era tanta atenção nos produtos, nos atores, na luz, em tudo, que nem notamos. Foi gravado, editado, finalizado… Quinhentas pessoas em volta, e ninguém percebeu! Na hora, demos a volta por cima, dizendo que ainda faltavam ajustes, era só para dar uma idéia do filme. E saímos correndo para arrumar a burrada. Já pensou se vai para a TV? Milhões gastos para fazer propaganda do concorrente!
Resumo da ópera: atenção redobrada em tudo e por tudo. Assim, os nomes não vão para escanteio. O assunto da lembrança (recall) é muito importante em propaganda - e na vida. Vamos voltar com ele!

A ESTRATÉGIA
1. Preste atenção não só naquilo que lhe interessa (os comentários, por exemplo), mas também no que parece não ser tão importante (o nome).
2. Diga, re-diga e diga de novo o nome. Utilize múltiplos meios: escreva ou, se receber um cartão, no verso coloque uma referência qualquer para localizar a pessoa (evento, interesses, etc.)
3. Encontrou, não lembrou? Peça ajuda aos universitários! Ou seja, com tato e diplomacia, assim como fizemos com a propaganda em que aparecia o concorrente, admita “parcialmente” que não se lembra do nome: “Seu nome completo mesmo é…”, ou, “- Estava falando de você. Que coisa! Mas me deu um branco agora, como é mesmo seu nome?”.
4. No caso de telefonemas, reuniões e outros que tais, instrua que as pessoas sejam terminantemente anunciadas, não importa que sejam íntimas ou não. Isso vai evitar muitos dissabores.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Para viver um grande amor

P: Adoro aqueles casais que vivem muitos e muitos anos juntos… Mas, hoje, parece que todo mundo se separa na crise dos 7 anos! Como eu faço para manter vivo o amor e chegar às bodas de diamante? Karina, Lisboa
R: Dizem que romantismo é bobagem, mas acho que viver um casamento eterno é tudo de bom! Para dizer a verdade, é o sonho de todo publicitário: ter um anunciante que seja fiel durante muitos e muitos anos… Mas o que faz com que uma agência de propaganda perca um cliente? É quase parecido com os casais de hoje: tudo começa às mil maravilhas no namoro e acaba em um divórcio cheio de crises.

Acordei com vontade de…
Acontece que uma agência não perde um cliente da noite para o dia, assim como ninguém acorda de repente e diz: -Que dia bom para me separar! É tudo um processo, lento, contínuo, que vai dando sinais quase imperceptíveis. É preciso aprender a ler, para evitar a tragédia. Cliente acha o fim do mundo quando tem que ficar repetindo mil vezes a mesma explicação, porque o planejamento, a criação ou seja lá quem for, não entendeu direito ou SUPOS que era isto, quando era aquilo. Suposição é lindo em romance de mistério. Na prática, só gera ressentimento.

Pequenos grandes erros
Outra coisa: geralmente, a gente pensa que são os grandes erros que provocam a ruptura. Bobagem. Os clientes não vão embora porque a agência se enganou em um projeto. Vão embora pelo acúmulo de pequenos desleixos: é o atraso na entrega dos materiais ou na hora de chegar na reunião. O atraso pode ser pequeno, mas quando é recorrente… Ai, ai. E a falta de retorno a um telefonema, os ruídos de comunicação, os pedidos insignificantes que não são atendidos? Tem coisa mais desgastante? As grandes campanhas, estas sim, estão ali, na hora certa. Mas e o resto? Falta proatividade – as pessoas só fazem o que é pedido, nem um pouco além, nem por conta própria, sem serem demandadas. Falta, também, sinceridade – o medo de perder o famigerado cliente é tão grande, que o pessoal do atendimento já nem questiona mais o que é dito. Vai fazendo assim, no piloto automático.

Hora fatal
Quando se dão por conta, o cliente já se foi, e o contato (pessoa que faz o atendimento) fica se perguntando: - Mas o que foi que eu fiz? Ao chegar neste ponto, é porque o cliente não suporta mais aquilo que antes achava bacaninha: o jeito que o fulano respira, come e faz piadas dão nos nervos. É um ponto sem retorno. Dá para salvar a conta? Difícil, não custa tentar. A operação resgate fica para outro post. Mas o melhor mesmo é não esperar a hora de assinar o divórcio. Então, mãos à obra! Pode ser que não chegue às bodas de diamante, mas, pelo menos, passa das bodas de papel.

A Estratégia
1. Valorize os pequenos itens. A vida se vive no dia-a-dia, não no futuro grandioso.
2. Antecipe desejos e agrados.
3. Proponha coisas inovadoras.
4. Mantenha os canais de comunicação abertos e controle o retorno.
5. Treinamento para incêndio não é coisa só para gringo: é uma forma de ficar atento ao fogo e não deixar que o incêndio se espalhe. Faça o mesmo no relacionamento.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Contra a pedofilia

P.: Estou extremamente preocupada. Aqui em casa, até que eu consigo monitorar a situação, e não deixo meus filhos expostos a tudo que anda por aí. Mas muita gente vive me dizendo que isto é censura, que a vida é assim mesmo. O que eu faço? Mary, Tatuí.

R.: Há uma diferença muito grande entre censura e bom senso. Em propaganda, volta e meia, existem processos contra campanhas, denúncias e tudo mais. Geralmente dá em nada.

A raposa cuidando das galinhas
E por quê? Ora, porque quem cuida do assunto é o CONAR, o Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária. Acaba virando ação entre amigos... Geralmente, o argumento é a famigerada “liberdade de expressão”. Mas que liberdade é esta? Meus alunos acham que entrar e sair da sala de aula é liberdade de ir e vir! Ora bolas: estão, sim, atrapalhando quem deseja estudar.

O poder do dinheiro
Meu pai já dizia que, quando este um problema em que TODOS perdem, uma solução é logo encontrada. Se o problema persiste, é porque alguém ganha com isto: guerras, drogas, e por aí afora. Com pedofilia, é o mesmo.

A imagem das crianças
Valorizar a juventude, a inocência e o poder que os adultos podem exercer sobre o mundo infantil só piora as coisas. Os concursos de Miss universo infantil, com crianças maquiadas e em poses eróticas endossam esta exploração, gerando dinheiro, fantasias, e um mundo de negócios escusos. O pior: pais, mães e famílias vangloriam-se destas conquistas. Dá no que dá. A história de JoanBenet Ramsey, Pequena Miss Universo mostra a dimensão da tragédia. Mas podemos fazer alguma coisa.

A ESTRATÉGIA
1. Evitar super valorizar o erótico.
2. Estimular rotinas infantis – brincar, brincar e brincar!
3. Falar sobre o assunto.
4. Monitorar e denunciar campanhas, sites, produtos que explroam a imagem infantil de forma erótica.

PS: A ilustração de hoje é substituida pelo simbolismo do combate à pedofilia, para blogagem coletiva proposta por Luz de Luma.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Relacionamento Subliminar

P.: Até que nos encontros iniciais eu vou bem. Acelero um pouco, dou uma freada, e tudo corre as mil maravilhas. Mas na hora de realmente engrenar a primeira e ultrapassar a curva para a relação se aprofundar... Dou marcha à ré e paro no primeiro pit stop! E agora? Simone, Aracaju

R.: Pelo menos o primeiro passo você está conseguindo dar. Ou seja: conquistou o cliente, fez com que ele, ao menos, parasse um pouco, para prestar atenção na sua mensagem. Isto, em marketing e propaganda, se consegue com um pouco de maquiagem.

RETOQUES AO GOSTO DO FREGUÊS
É aquela fase da atração à primeira vista: o design do produto, as cores da embalagem. O nome do serviço. O sorriso do atendente. Um detalhe na vitrine. São pequenos detalhes subliminares. E propaganda subliminar vale? Vale, vale sim. Claro, depende da definição de propaganda subliminar. Mas estes primeiros contatos são aqueles que apelam para algo que não conseguimos muito bem definir.

PROPAGANDA SUBLIMINAR
Um livro pequeno, lançado em 1974, chamado Subliminal Seduction, de Wilson Bryan Key, provocou um grande escândalo – e deu origem a inúmeras teorias conspiratórias e de manipulação. A propaganda de fato manipula o consumidor? Ou vice-versa? Manipulamos as pessoas, no trabalho, nas relações amorosas, familiares? No livro, o autor mostra anúncios e embalagens onde imagens eróticas estão camufladas – sendo o apelo erótico um dos nossos mais fortes motivadores. Alguns destes ícones são bem famosos, como a embalagem do cigarro Camel.

SONHANDO COM AS NUVENS
A dúvida é se, de fato, as imagens foram manipuladas (quem confessaria o delito?) ou se, simplesmente, vemos formas onde nada existe? Afinal, temos a tendência de buscar ordem e figuras conhecidas – mesmo onde só há manchas. Os testes de projeção estão aí para não nos deixar mentir. Os desenhos nos azulejos – mesmo nos azulejos lisos! – também. E quem já não viu monstros ou príncipes nas nuvens do céu? A questão do subliminar, na propaganda – e nas relações – é uma via de mão dupla: o que os outros projetam para que a gente veja; e o que nós mesmos vemos.

DEPOIS DO PRIMEIRO CONTATO
Só que, com apelos subliminares ou não, tem sempre o depois. E o depois significa descascar as camadas da cebola, para ver o que de fato aquele produto ou serviço oferece. Era só uma promessa? Ou a essência corresponde realmente ao texto e às imagens da propaganda? Um produto inatingível, objeto de desejo, que fica só na imaginação, sem dúvida alguma é perfeito. Uma boa estratégia de marketing: temos aquela linha “premium”, para poucos... E depois, a comum, para nós, pobres mortais. Enquanto sonhamos com o que não temos, fica tudo em projeto. Fora da realidade, não há riscos de imperfeição – mas também não há o sabor de experimentar o conteúdo. Ficamos só na maquiagem. Coragem – e abra o embrulho. No máximo, é devolver para a prateleira!

A ESTRATÉGIA
1. Aceite que o primeiro contato é realmente subliminar e foge um pouco do controle de cada parte. Eu, por exemplo, nunca ouvi como elogio, num primeiro encontro: - Que belos neurônios você tem!
2. Aprecie esta fase de “embalagem” e “design” - mas parta para conhecer o produto de fato!
3. Tenha coragem para abrir o pacote e mergulhar no conteúdo – e vice-versa. O pior que pode acontecer? Propaganda enganosa! Mas é melhor descobrir logo, do que viver na imaginação.
4. Nem sempre o conteúdo corresponde à expectativa, mas isto não quer dizer que seja inadequado. De um tempo para se acostumar com novos sabores, novas conversas, novos pontos de vista. Afinal, curtir a vida é sempre mergulhar em novas águas!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Propaganda comparativa

P.: Sempre tem alguém melhor. Alguém que já “chegou lá”, conquistou todo o dinheiro que eu sempre quis, em dobro! O pior são aqueles comentários, que disfarçados de elogio, acabam te derrubando: -“Nossa! X anos? Nem parece!”. Ou seja: como você está velha...Tenho uma coleção destas “pérolas”: -“Mas foi você mesma que fez isto? Está tão bom!”. “-Quem diria, você sabe cozinhar!” Como assim, QUEM diria? Não agüento mais estas comparações, explicitas ou não. Bella, Salvador

R.: Comparação é algo tão negativo, que muita gente pensa que a propaganda comparativa é proibida no Brasil. Não é. Em vários países, ela faz muito sucesso. Aqui, ao contrário, as pessoas tendem a ficar do lado mais fraco, do anti-herói, do “coitadinho”, aquele que é esmagado pelo outro.

Lembrando a outra parte
Ao comparar, você acaba obrigando as pessoas a olharem os dois lados – e, muitas vezes, quem deveria sair ganhando sai perdendo, pois surge como prepotente e arrogante. A grande lição disto é que o anunciante pode comparar o quanto quiser, fazer isto depende só dele. Mas o que ele não pode é forçar como as pessoas vão reagir a tal fato, mesmo que, para se sentir por cima, tenha que colocar o concorrente para baixo.

De mim sei eu
O mesmo vale para a gente. Infelizmente, não podemos decidir como nossos pais, chefes, colegas e amigos (alguns, “muy amigos”) falarão a nosso respeito ou com a gente. Agora, o tipo de reação que teremos, isto sim é possível fazer! A reação direta – bateu levou – geralmente traz péssimos resultados. Tanto é que, em propaganda, quando comparam ou falam mal, não se parte para o confronto direto: isso só reforça a postura do concorrente. Não importa se a comparação é verdadeira ou não - as pessoas tendem a achar que é possível encarar de forma racional e distanciada as comparações: não é.

Dois pesos, duas medidas
A comparação surge porque o ser humano, para valorar alguma coisa, precisa de um referencial. A questão é QUAL o referencial que está sendo utilizado. Sou magra – comparada com as mulheres de Botticelli. Já se a referência for as top models de hoje... A propaganda, subliminarmente, tende a colocar você em situações de inferioridade, para estimular o consumo. De forma grosseira (claro que é tudo muito sofisticado, para não se perceber a estratégia), a mensagem é: - Tem gente mais bem sucedida, mas atraente, mais sexy, mais feliz, mais rica, mais inteligente, mais ... (coloque aqui sua qualificação preferida). Para ser como elas, compre isto ou aquilo, faça isto ou aquilo.
Detalhe: não são só produtos. São também mensagens: trabalhe mais, seja de direita (ou de esquerda), seja voluntário, politicamente correto, bonzinho, etc. A comparação, muitas vezes, está tão escondida, que a gente nem percebe.

A defesa
Se alguém coloca você sempre para baixo, hora de pensar se você concorda com ela (já que se afeta tanto com isto!). Se sim, por quê? Conhecer as razões não resolve tudo, mas já é um grande passo para isto. Quando sai uma propaganda comparativa, que tenta derrubar o concorrente, a primeira coisa que eu faço é examinar o que está por trás da comparação. Afinal, se para se promover preciso do outro, então é porque tenho algum ponto fraco, algo obscuro, que tento esconder. Será mesmo? Garanto: geralmente tem, sim senhor. Conhecer que o outro também é imperfeito não nos faz melhores, mas é reconfortante. Já deixo de me sentir o a mosca do cocô do cavalo do bandido!

Brifando a própria vida
O briefing é o conjunto de informações que servem para elaborar a estratégia de marketing e comunicação. Dentre outras coisas, traz os pontos fortes e fracos da empresa e dos concorrentes. Nunca encontrei um briefing que fosse tudo de bom ou tudo de ruim. Ao analisar estes dados, coloco em destaque o que há de melhor e proponho ações para melhorar o elo mais fraco. Por isso, sempre existe luz no fim do túnel: siga a sua chama e saia para o a vida!

A estratégia
1. Faça seu próprio briefing: liste pontos fortes e fracos, entre outras coisas.
2. Repense como você está reagindo ao que os outros falam e fazem.
3. Antes de agir precipitadamente, bole um plano de ação, uma rota de fuga. Por exemplo: buscar outro emprego, pedir transferência, fazer um curso, tentar um apoio terapêutico, aprimorar habilidades de fala, a inteligência emocional e daí para frente.
4. Não confunda o que você é e seu potencial com o que os outros dizem, nem que para isto seja preciso escrever milhares de papeizinhos e esparramar pela casa ou na tela do computador. Os mantras existem há milhares de anos. Alguma sabedoria há neles!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO

P.: Tenho absoluta certeza que a Terra está girando mais rápido. Simplesmente, não consigo dar conta de fazer tudo que planejo para o meu dia! O mínio: 25 horas! Resultado: os papéis se acumulam, fica tudo pela metade... Soraya, Campo Belo
R.: Administração do Tempo – está disciplina deveria ser obrigatória nos dias de hoje, do maternal ao pós! Em propaganda, vivemos correndo contra o tempo (por isso, é considerada uma das profissões mais estressantes, junto com quem trabalha na área de saúde, bancários e, obviamente, a SUA profissão!), as vezes presos ao passado (que já se foi), outras angustiados com o futuro - que não chegou!

ESPAÇO RESERVADO
Uma das coisas piores que podem acontecer a um publicitário é ver sair, no jornal, um espaço em branco. No meio, em letras miúdas: espaço reservado pela Agência Tal. Às vezes, o jornal consegue colocar um calhau, ou seja, alguma coisa de última hora, para preencher o espaço em branco. Mas nem sempre faz isto. O que aconteceu? A agência reservou o espaço, mas não entregou o material em tempo. Fora a vergonha, tem que pagar a conta...

PREJUIZOS EM TODOS OS NÍVEIS
A falta de tempo, o acúmulo de coisas, faz mal para o corpo, para a alma e para o bolso, como se pode perceber. Então porque insistimos em abraçar o mundo, quando deveríamos abraçar somente nosso bairro –e olhe lá? A culpa, com certeza, não é do relógio: se existe algo democrático neste planeta, com certeza é ele! O dia tem 24 horas para ricos e pobres, homens e mulheres, crianças e velhos. O que cada um faz a cada tic-tac depende da própria pessoa.

SÍNDROME DA IMPORTÂNCIA
Infelizmente, apesar de Domenico de Mazzi, autor do livro O Ócio Criativo, fazer nada (desculpem o paradoxo!) está associado com vagabundagem, preguicite aguda, pecado capital e outros que tais. Ao contrário, estar sempre ocupado, correndo de um lado para outro, a mesa cheia de papéis significa poder, cargo de chefia: -Vejam só! Não tenho tempo para nada! Nem para mim... Pois é: tem gente que tem medo de ter tempo para si mesma, de se enfrentar e pensar sobre a própria vida. Mas existem outras razões para o corre-corre infernal.

TAMBÉM PUDERA
É que a falta de tempo pode representar um escudo – e um bom escudo, diga-se de passagem – para eventuais críticas. Afinal, proclamarão os incautos, antecipando-se a qualquer senão, - Tive tão pouco tempo para fazer isto... O que vocês queriam?” E se o elogio vier certeiro, mais um motivo de orgulho: -“Vejam só, mesmo assim consegui este resultado fantástico! Imagine se eu tivesse mais tempo...”

EVITANDO AS ARMADILHAS
O único problema é que, além da já mencionado risco de stress, de fadiga e perda de dinheiro, a desorganização do tempo também aumenta as chances de erro e impede que você realmente aproveite a vida com o que gosta – ou com quem gosta! O círculo vicioso é que, sem tempo, não dá para organizar o próprio tempo. Ataque o mal pela raiz. Descubra os motivos que fazem com que o tempo seja seu dono e senhor, e não o contrário. E lembre-se que existem vários tipos de tempos: o real, o psicológico, o seu e o dos outros. Ou você nunca viu o tempo “passar voando”? Para aqueles que estão aflitos, pois já se passaram quase 60 dias, ou seja 1.440 horas, ou 86.400 minutos do ano de 2008, e as coisas continuam na mesma, melhor arregaçar as mangas e dominar este tirano, o relógio!

A ESTRATÉGIA
1. Adote a hora médica (quando os médicos ainda respeitavam os pacientes e marcavam as consultas com folga): imagine que cada hora tem 50 minutos, ou seja, deixe um intervalo entre uma atividade e outra, para imprevistos.
2. Lembre-se dos compromissos invisíveis: muitas pessoas, ao organizar as atividades, esquecem do inter-tempo. É o tempo para aqueles atos que não aparecem: escovar os dentes, vestir-se, se despedir dos filhos, preparar um lanche, até mesmo se locomover de um lado para o outro.
3. Faça aniversário antecipado: marque na agenda os prazos fatais com alguns dias de antecedência – funciona!
4. Evite a Síndrome da perfeição. Contente-se com o possível.
5. Aprenda a dizer não, para evitar se sobrecarregar. O amor não vai embora com isto, mas o respeito chega e rende bons frutos. Isto já foi assunto aqui.