quinta-feira, 26 de junho de 2008

Idéias Geniais

P.: Meu chefe quer que eu “de o sangue”; vista a camisa, tenha idéias geniais todos os dias – idéias, aliás, que depois somem na gaveta dele e aparecem com o seu nome, meses depois. Ele esquece que tenho minha própria vida, mas morro de medo de perder o emprego... Vânia, Juiz de Fora

R.: Aqui temos duas questões: uma, a mistura entre os diferentes planos de vida – profissional, amoroso, familiar, social – quando as fronteiras não são bem definidas, um acaba por sufocar o outro. Este problema tem se agravado com a expansão do trabalho que é feito em casa, longe do tradicional ambiente empresarial. A outra questão é como ter idéias “criativas” tiradas da manga, a toda hora. Neste post, vou me concentrar no item criatividade e você verá as 5 opções de cartões para a Cristiane.

Diferente X Genial

A propaganda vive do mito da criatividade. Mas o que é uma idéia criativa? Muitos respondem que é algo diferente, que chama a atenção. Em propaganda, este conceito não funciona. Fazer diferente e chamar a atenção é fácil. Difícil é obter resultado, chegar onde se quer. Bote um homem pelado fazendo cocô na frente da loja. Pronto. Chamou a atenção, fez algo diferente. E daí? Alguém vai entrar na loja e comprar os produtos por causa disto? Então, não serviu para nada. Genial é aquela idéia simples, que pode ser realizada,que ninguém pensou antes – e resolve o problema. Mas como ter uma idéia assim? Bem, a verdade é que nem sempre temos idéias geniais no dia-a-dia da propaganda e do marketing. Assim como não temos idéias geniais para o convívio diário, para dar conta das encrencas de toda hora. No entanto, se não podemos ser geniais sempre, podemos evitar erros banais. Podemos ser eficientes e corretos. Ou seja: não vamos colocar o homem pelado na frente da loja. Vamos empregar estratégias que a gente sabe que dão certo. Isto é aplicar o conhecimento e a experiência dos outros a nosso favor. Para entender como fazer isto, vou contar como fiz a criação dos cartões da Cristiane. E, no final, você escolhe e vote naquele que achar mais bacana!

O briefing
O primeiro passo para ter uma idéia criativa, é saber para onde devemos olhar. Ou seja: é preciso entender o negocio. Saber fazer perguntas e obter informações. Eu fiz um questionário simples, perguntando algumas coisas básicas para a Cristiane: os dados objetivos(informações que o cartão deveria conter, quem iria receber, onde ela queria chegar) e alguns dados subjetivos (cores que ela gosta, estilo de vida, livros, musicas, dentre outras coisas). Também fiz meu dever de casa: fui lá e visitei todos os blogs dela, para conhecer um pouco a sua personalidade.

A análise
Os dados secos, por si, não valem nada. É preciso fazer uma leitura dos mesmos e tomar algumas decisões, que serão as diretrizes para criar. Primeiro impacto: Cristiane mexe com tecnologia. Idéia imediata: um cartão que mostre um conceito técnico forte. Segundo impacto: espera ai... Mas pelo que ela colocou de estilo de vida, pelos blogs, ela parece uma pessoa muito romântica, muito terna. Ou seja: o oposto. Portanto, eu diria que ela é “dois em um”. Conclusão: a criação tem que fazer uma síntese entre aspectos que parecem antagônicos. Isto pode ser interessante... Afinal, é uma tendência hoje, esta todo mundo cansando destes casulos separados, ou isto ou aquilo, ou se é racional, ou se é sentimental, ou se é do bem, ou se é do mal. A gente é um pouquinho de tudo!

Decisões
O NTE, Núcleo de Tecnologia Educacional, onde a Cristiane trabalha, não tem logotipo. Poderia criar um logo para eles, e fazer o cartão. Mas achei que fugia um pouco do “espírito do sorteio” que era criar um cartão para a pessoa. Portanto, o NTE entra, como endereço profissional, mas não é o foco principal. Outros detalhes: como as futuras impressões do cartão serão pagas pela própria Cristiane, nada de detalhes que vão encarecer o produto – formatos diferentes, recortes, 4 cores. Detalhes: o numero de cores, na impressão digital, não altera o custo. Mas se for impressão em gráfica, para maiores quantidades, isto vai influenciar. Decidi, no máximo, por duas cores (branco não conta, gente).

Criando
Decidido isto, mãos à obra. Tem uma técnica de interpolação (existem outras) que eu uso muito, para fazer aflorar idéias. Resolvi interpolar os dados da Cristiane com o Universo dos Planetas. Afinal, é uma abordagem que concilia aspectos de alta tecnologia, com uma abordagem sonhadora. Lembra foco, pesquisa, mira. Percebi que a letra C, de Cristiane, poderia ser estilizada para relembrar os anéis de Saturno, ou mesmo a Lua, de uma forma subliminar, criando quase um logo. Também poderia criar alguma opção associando com o foco de luz que sai de um laptop entreaberto. E assim fiz. O endereço do NTE, atual empregador, deveria ser facilmente excluído e substituído por outro, caso ela trocasse de instituição. Fiz alguns esboços. O resultado você confere no final do post. Os dados de endereço e fone foram substituídos por Nononono, linguagem universal da propaganda, para não divulgar aqui na Internet e evitar encrencas mil. Qual será o escolhido? Esperamos o seu voto!

A ESTRATEGIA
1. Para ser criativo, é importante alimentar-se com informações. Detalhe todos os dados que julgar importantes. Ninguém consegue criar do nada.
2. Analise estes dados, lendo nas entrelinhas.
3. Estabeleça algumas diretrizes para que a criatividade não fique a deriva. A dispersão faz o tempo passar e o papel continua em branco.
4. Utilize impulsionadores de criatividade. Um deles é interpolar. Pense no problema e busque associações escolhendo um Universo. Por exemplo: como este problema (no caso da Cristiane: tecnologia romântica) aparece no Universo dos Planetas? Outros universos: Universo dos Animais, Minerais; Universo dos Brinquedos, Universo dos Amigos. O termo “universo”, aqui, é utilizado para designar um conjunto, uma “família” de seres ou objetos.
5. Esboce as soluções que surgirem e ouça a opinião dos amigos para fazer os ajustes e tomar a decisão final.

Agora, dê uma olhada nos cartões da Cristiane e faça a sua escolha! Clique nas imagens para ver em formato maior. A qualidade foi reduzida para o arquivo ficar mais leve.

OPÇAO 1

OPÇAO 2

OPÇAO 3
OPÇAO 4
OPÇAO 5




segunda-feira, 16 de junho de 2008

Xô, rotina!

P.: Depois de anos de namoro, casamento, filhos e a rotina de trabalho, contas-a-pagar, manter a magia da paixão parece um esforço sobre-humano. Existe uma poção mágica para resgatar aquela energia que nos faz mover montanhas e eliminar a síndrome da 2a feira da minha vida? Rô, Niterói

R.: Aquele cansaço que invade as madrugadas de domingo, antecipando uma semana sem grandes desafios ou paixões pode ser vencido, sim. O problema é romper o círculo vicioso: quando as energias estão em baixa e a paixão se escondeu no ralo da pia, fica até difícil tentar um gesto que pode mudar o cenário. Parece que não vale a pena! A dúvida é o quanto insistir na mesma situação – seja um emprego, namoro ou casamento – ou quando é hora de romper com tudo e partir para outra.

O ciclo-de-vida
Em marketing usamos o conceito de ciclo-de-vida. Isto mesmo. Ciclo-de-vida. Os produtos nascem, crescem, envelhecem, morrem. Alguns produtos e serviços possuem ciclo-de-vida curto. Outros, muito longo. Saber em que momento está um produto ou serviço é super-importante, porque as formas de agir e atuar em cada fase são diferentes. Um produto recém lançado precisa conquistar seu espaço; precisa de muito apoio. Depois, começa a “caminhar com suas próprias pernas”. Finalmente, começa a perder clientes – enfim, encaminha-se para a “morte”. Os sinais? Os concorrentes avançam, a equipe de vendas fica desmotivada e o produto – ninguém sabe, ninguém viu. E agora?

Decisões difíceis
Dois caminhos aparecem: um, fazer ajustes, para ampliar o ciclo-de-vida, ou seja, dar uma “sobrevida” ao produto ou serviço. Uma injeção de ânimo. O outro caminho é deixar o produto desaparecer (por morte natural ou retirada do mercado – uma verdadeira eutanásia). A decisão não é fácil pois, ao contrário do que se pensa, não basta verificar a lucratividade, numa conta simples. Deixou de dar lucro, retira-se o produto ou o serviço. Existem linhas que são mantidas, mesmo deficitárias, porque contribuem para manter uma imagem de status, para formar futuros clientes, para fidelizar, para garantir confiabilidade, para apresentar um diferencial ou para ocupar um pequeno segmento estratégico.

Movimento constante

O que se percebe disto tudo é que, independente da decisão tomada, não dá para ficar parado. A lista de falência está repleta de empresas que sucumbiram à indecisão e à mesmice. A Coca-Cola ao tentar alinhar sua fórmula (mais doce) fracassou. Mas tentou. Talvez um problema de leitura incorreta de tendências de mercado. Paradoxos dos tempos modernos – o combate ao açúcar x aumento do consumo de doces. No entanto, continua ajustando sua embalagem e mensagem. Os datilógrafos foram substituídos por digitadores. Opções de eletrodomésticos menores foram desenvolvidas para se adequar a casas e famílias também menores. Os ajustes são realizados levando-se em consideração aquilo que o produto ou serviço apresenta de potencialidade (o que pode vir a ser) e aquilo que o mercado deseja, as expectativas. E você, já parou para pensar nas suas potencialidades e as expectativas do dia-a-dia?

A estratégia
1. Conscientize-se em que etapa do ciclo-de-vida sua relação –profissional ou amorosa- se encontra.
2. Pense nos benefícios que obtém nesta fase e que impedem que você altere o ciclo. Por exemplo: segurança; reconhecimento; menos gasto de energia (sim, enfrentar situações novas demanda muita energia!).
3. Organize novamente seus objetivos em função do seu potencial. Onde você gostaria de estar? Como gostaria de estar? Utilize poucas palavras ou um desenho para visualizar a situação. Este é o seu desafio.
4. Mapeie o outro lado - as pessoas que a cercam. Não dá para mudar as características destas pessoas, mas ao descobrir o que elas desejam e sonham, utilize isto como impulso para renovar sua vida.
5. Experimente ajustes: novos estilos, novas leituras, nova postura, um novo lazer. Pequenos passos são significativos – não precisa começar trocando de relação ou profissão: esgote as possibilidades primeiro. Você pode errar com as mudanças – como a Coca-Cola – mas é sempre um aprendizado. E aprender é manter-se vivo.

PS: Enquanto isto... A Cristiane já mandou todas as informações que eu precisava para fazer os cartões. Agora, criei alguns layouts (esboços), que vou enviar para ela "palpitar" e depois ajusto, antes de finalizar. E sim, pessoal! Novos brindes virão... Afinal, adoro criar! Mas primeiro vamos ver se estes cartões aprovam, certo?

terça-feira, 3 de junho de 2008

No grito

P: Eu tenho a impressão que ninguém me escuta, nem no trabalho, nem em casa. Chego a ficar nervosa – e, no final, eu tinha razão sempre! Será mesmo que vale a pena insistir e dar a opinião, ou o melhor é continuar cada um na sua? Olga M., SP

R: Que atire a primeira pedra quem nunca teve vontade de gritar: - Eu não avisei? Bem, melhor morder a língua e guardar a frase para si mesma, porque se a pessoa não ouviu antes, ouvira menos ainda agora... Diz o ditado que se conselho fosse bom, a gente não dava, vendia.

Abrindo portas
Outro detalhe interessante é quando a pessoa pede uma opinião, geralmente ela já sabe a resposta: ou seja, a chave para abrir uma porta só adianta se o outro já avistou a porta... Neste caso, geralmente ele já tem a chave na mão! Quem pede a chave, nem sabe por onde a porta anda.

Clientes cabeça dura
Já tive vários clientes que se recusavam terminantemente a seguir as minhas recomendações. As alegações eram variadas: que eles estavam pagando e, portanto, eu tinha que obedecer (urg!), que eles conheciam mais do próprio produto do que eu – o que, parcialmente, é verdadeiro. Mas de comunicação, quem é que entende? Eu, não é? Além disso, é muito complicado mudar de idéia, rever a própria posição. Por isso se investe tanto em fidelizar um cliente – ou seja, é aquela propaganda que reforça a idéia de que o fulano fez um bom negócio, a melhor opção, foi inteligente ao escolher aquele produto ou serviço.

Ouvindo o próprio umbigo
Ou seja: a propaganda reforça aquilo que o próprio cliente já queria ouvir. Quando é que o cliente está conquistado? É quando a pessoa pensa: -Mas era justamente isto que eu...queria, pensava, achava, precisava (complete com o verbo que julgar mais interessante!). Então quer dizer que não dá para inovar, ser diferente? Dá... Em termos. É preciso criar uma ponte, um chão em comum, em que o outro se identifique, para que a comunicação realmente ocorra e se complete. Se a mensagem, a idéia, for totalmente inovadora, é difícil que o outro a aceite. Em progaganda, existem várias propagandas polêmicas. Elas surtem efeito? Para polemizar, sim. Para alcançar o que se propõe – seja transmitir uma idéia, consolidar uma identidade de marca ou vender um produto, acho difícil. Por quê? Exatamente pelo que comentei acima: as pessoas criam uma barreira em relação ao que as agride, em relação às mensagens com as quais discordam. Veja alguns exemplos de propagandas polêmicas no final deste post.

A ESTRATÉGIA
1. Para ser ouvido, ouça antes.
2. Selecione um mensagem com a qual a outra pessoa concorde. Introduza o que é diferente aos poucos.
3. Utilize um código que seja compreendido pelo outro, sem subestimar ninguém, é claro!
4. Reforce o que quer dizer com várias abordagens: gestos, tom de voz, citações (como dizia fulano...), desenhos, escrita.
5. Faça pequenas sínteses e dê exemplos envolvendo o interlocutor.
6. Ao provocar a interação (experimente fazer assim, me dê uma mão aqui, etc.) você consegue a colaboração, monitora o entendimento e aumenta as chances de ser ouvido!

PS: Enquanto isto... Já pedi para a Cristiane várias informações para orientar a criação dos cartões. É o primeiro passo: dados objetivos (o que precisa ter no cartão); dados subjetivos (estilo, preferencias, etc.) e alvo (o que pretende alcançar ao distribuir os dito cujos).

PROPAGANDA CONTROVERSA: confira.