terça-feira, 20 de novembro de 2007

David e Golias


P: Assédio moral. Isso mesmo, não é sexual, é moral. Desde que assumiu uma nova chefia, fiquei para escanteio, só faço trabalhos insignificantes e me sinto cada vez mais inútil. Não é que eu não veja luz no fim do túnel: já não vejo nem o túnel. Socorro! Noeli, Santos
R: Assédio moral é um problema seríssimo, presente tanto no setor público quanto no privado. Eu achava que no setor público, porque tem a estabilidade, isto não existia. Bobagem - existe, e muito.Tem o assédio mais direto: o chefe que grita, insulta, agride mesmo. Mas tem aquele sutil, tão maléfico ou mais - é colocar a pessoa a fazer um trabalho bem abaixo das suas competências, criticar sempre, fazer comentários irônicos e piadas que acabam com qualquer auto-estima.

PROTEGENDO-SE
O assédio moral ocorre porque alguém se considera maior, mais forte e mais poderoso. É o "rei do pedaço". Pior: muita gente nem sabe que sofre assédio moral! No mundo das empresas, é o líder, aquele que domina o mercado - e achata os menores. Como as empresas que estão em segundo, terceiro e quarto lugar conseguem se proteger? Existem duas estratégias: pela força e pela guerrilha.

PELA FORÇA

Aqui, é o caso da lei, que é utilizada pelas empresas. Existem punições para quem tenta sufocar a concorrência, praticando preços insustentáveis, ou usando práticas condenadas. Anti-cartel, anti-monopólio e daí para frente. A lei, para atuar, precisa de denúncias, provas. No caso do assédio moral, vale a mesma regra. Denunciar, para que existem punições. Funciona? Nem sempre (tanto para empresas, quanto para pessoas). Primeiro, existe o medo de denunciar e sofrer "vinganças". Depois, a dificuldade de obter provas (assim como no assédio sexual, tem gente que não acredita na palavra de quem está sofrendo). Não é uma questão de acreditar! não é religião! Terceiro, nem sempre existe um canal para denúncias. No entanto, é importante continuar trabalhando para que este canal - o legal - se aprimore cada vez mais.

PELA GUERRILHA
É o casa das empresas que optam por descobrir estratégias alternativas. É necessário descobrir os pontos "fracos" do inimigo, ou campos em que ele não atua. Também é importante conquistar aliados e não ficar sozinho. A Editora Cedibra (álbuns de figurinhas), quando começou a crescer, tinha dificuldades em distribuir seus produtos nas bancas de revistas - nem preciso dizer qual era a OUTRA editora que impedia isto. A Cedibra poderia ter se retraído. O que fez? Abriu um novo canal: passou a distribuir nos supermercados (o primeiro a aceitar foi o Carrefour), o que na época era totalmente inovador. A AVIS, locadora de carros, reconheceu que era menos poderosa (2a. no mercado) e tirou partido disto: anunciava que, por estar em segundo lugar, se esforçava mais. As campanhas cooperadas ou de associações, em que duas ou mais empresas se aliam, também representam a busca para vencer "as grandes". No caso do assédio, tente descobrir outras pessoas que também sofreram com isto e troque opiniões. Demonstre suas qualificações em outros locais, fora do departamento ou ambiente de trabalho (em um trabalho voluntário, no jornal local e dai para frente): os elogios acabarão refletindo-se no dia-a-dia. Ter em mente que todo trabalho é importante acaba por minar as estratégias de desqualificar o profissional. Para o ego não ir lá em baixo, lembrar que as demonstrações de poder escondem tão somente fraquezas pode ajudar e muito. A tarefa dos menos poderosos é difícil, mas possível. As vezes, abrir o jogo e enfrentar diretamente pode funcionar. Lembre-se de David e Golias!

A ESTRATÉGIA
1. Evitar o sofrimento mudo: busque em sites ajuda profissional.
2. Faça seu trabalho aparecer em locais alternativos - inclusive na Internet!
3. O problema existe e não depende da gente. Como reagimos a ele sim.
4. Buscar aliados é fundamental.
5. Manter-se informado sobre a lei é uma forma de fazer com que ela seja eficiente.

Este site pode ajudar:
assedio moral

3 comentários:

Anônimo disse...

Gente, assédio moral é horrível. Só quem já passou sabe o que é. O pior mesmo é ficar calada, mas parece que não tem outro jeito, muitas vezes. Você vai se sentindo pequenininha, pequenininha. E aí é que não consegue forças para reagir mesmo. Fiquei deprimida, tive que pedir licença médica. O chefe disse que era frescura minha... Até hoje tento me recuperar. Boa sorte para todas. Janice, Brasília.

bibi move disse...

nossa que horror. é mesmo nojento. esse tópico merece outros posts. você conhece casos que foram parar na justiça e como se desenrolaram?

Anônimo disse...

Concordo que é preciso voltar ao assunto. E gostaria muiiiiito de saber se teve gente, no Brasil, que conseguiu vitorias na justiça. Tem uma quantificação de qual o grau que isto atinge no Brasil? Lais, Vitória