sexta-feira, 30 de novembro de 2007

MARÉ DE AZAR

P: Sabe aqueles períodos que se chama de “inferno astral”? Pois então. Não consigo acreditar: bati o carro, recebi aviso prévio e ando adoentado. O médico diz que é uma virose, não há o que fazer. Não há mesmo? Jorge, Fortaleza

R: Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Será? Parece mesmo que as “desgraças” vêm em ondas., mas tem quem surfe sobre elas. Se você olhar nos tipos de letras de seu computador, verá um tipo chamado Avant Garde, que foi criado por Herb Lubalin. Ele nasceu em 1918. Era tímido, quieto, desarticulado verbalmente, daltônico e canhoto (na época, ser canhoto representava um grande problema). Na verdade, era ambidestro, mas escondeu este fato durante seus estudos. Sempre gostou de artes, mas sua família, embora encorajasse esta tendência (pai e mãe eram musicistas) desejava que ele se tornasse médico ou advogado, para ter estabilidade. No entanto, pobre, franzino, com notas medíocres (ou seja, sem NENHUMA possibilidade de bolsa-de-estudos por excelência acadêmica ou por destaque esportivo), o que ele poderia fazer?

INOVANDO
Acabou entrando em uma escola de artes famosa – foi o último colocado. Era o pior aluno, mas no final do curso, tornou-se o melhor. Foi despedido do seu primeiro emprego e viveu de “bicos” como freelancer (recebendo por trabalho). Seus logotipos tridimensionais jamais foram aprovados. Seu sogro vivia perguntando se, algum dia, ele seria alguém na vida. Foi.
Lubalin tratava a escrita como imagem. Articulava texto e diagramação, o que hoje nos parece natural – mas antes não era assim. Seus trabalhos são impressionantes pela elegância e pelo impacto. Em sua equipe estavam os melhores ilustradores e fotógrafos da época. Foi tipógrafo, design, publicitário, editor – apesar de toda sua “maré de azar”.

A ESTRATÉGIA
1. O que aconteceu não pode ser mudado, mas a forma como você reage, sim. Ex.: Lubalin colocava o nome das cores nos lápis, para não se confundir.
2. Antes de partir para a solução, analise o problema de vários ângulos. Lubalin pesquisava, pedia opiniões, fazia centenas de esboços.
3. Faça bem feito. Somente quando achava que o trabalho estava excelente é que se dava por satisfeito, evitando a repetição de erros e refação (muitas vezes, a falta de sorte é apenas pressa e desatenção!).
4. Não complique. Lubalin admirava a tecnologia, mas sua preocupação era o resultado. Deixar a onda de azar pode ser simples.
5. Uma última recomendação do mestre: se for preciso explicar muito, então não está bem feito. Explicações esotéricas e complexas para coisas que deram errado atravancam a superação.

Inspire-se nas capas, logotipos, cartazes, design e outras obras de Lubalin.

Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente, o material do Lubalin é demais. Ele tem um painel enorme que fez para o Museu de NY que é fantástico. E quanto ao azar... bom, não acredito, mas é melhor não dar moleza, certo? Sandra