terça-feira, 27 de novembro de 2007

OS GRANDES TAMBÉM ERRAM

P: Estava sob a maior pressão, mas consegui entregar o relatório no prazo "fatal". Detalhe: na pressa, não conferi uns trechos que foram feitos por outra pessoa da equipe - e ela copiou os dados da internet, sem citar a fonte, como se fosse dela. Pior: os dados estavam errados! Agora, não sei o que faço, porque a bomba vai rebentar na minha mão. Laura, Rio.
R: A correria leva a isto. Corre-se o risco de jogar o nenê fora junto com a água do banho! Aqui tem dois problemas: a pressa e a cópia, com um único resultado - o erro. Primeiro, a questão da pressa. Pergunte para qualquer publicitário, e eles serão unânimes: é sempre tudo para ONTEM! Pior, a percepção do tempo e da demora mudou muito. Antes, sem a computação, para mudar a idéia de um anúncio (o layout), era necessário tempo para refazer TUDO. Ou seja, dias. Hoje? Se a página demora alguns minutos, tem gente quase enfartando...

O REI DO MUNDO

Ao ficar atarefado, ao fazer tudo sobre pressão, o publicitário ganha status. -Viu só como estou ocupada? Viu só como trabalho muito? Mais: cria-se uma defesa antecipada para eventuais erros, afinal, se alguém for criticar depois, sempre poderei dizer: - Mas com o prazo que eu tinha...

EMPURRANDO COM A BARRIGA
Outro detalhezinho fundamental: como sei que sou a "tal", muito mais inteligente, esperta e competente que o resto do mundo, garanto que vou dar conta de tudo... Claro que ninguém consegue. Daí os erros e as falhas.

EXEMPLOS HISTÓRICOS


A campanha de lançamento do primeiro freezer no Brasil apresentou estes erros de pressa. A criação toda foi feita em cima do feminismo, ou seja, associando-se o produto à liberação da mulher, que não ficaria mais presa às atividades domésticas. A diretora de criação, recém chegada dos EUA, onde o feminismo bombava, transpôs suas preocupações para a campanha. Erro fatal. Aqui, a dona de casa ainda era a rainha do lar e porco chauvinista talvez fosse apenas mais uma raça de porcos. Ao lado, um dos teasers (propaganda que cria expectativa) usado na época. Detalhe que hoje também seria politicamente incorreto: o cigarro na mão. É, os tempos mudam. Outro histórico é das primeiras campanhas contra a AIDS. Mas fica para outro post, assim como as estratégias para evitar cópias - que também existem aos montes em propaganda.

A ESTRATÉGIA
1. Em propaganda, existe o "tráfego", que organiza as datas de cada etapa, para evitar estourar prazos.
2. Estipular uma data final fictícia, antecipada, ajuda. Precisa marcar na agenda, em vermelho, seguir todo o ritual como se fosse a data real.
3. Admitir que é impossível dar conta de tudo ajuda para azeitar o trabalho em equipe.
4. Feito o erro, investigar a causa para traçar a ação corretiva.
5. Erratas existem para isto!
PS: A diretora de criação era euzinha. Aprendi a lição.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ainda bem que tem gente se movimentando contra toda esta pressa - slow citys, slow food... Mas o movimento poderia se espalhar um pouquinho mais depressa!

Anônimo disse...

O pior é que parece que a "onda" "do lar" está voltando. Tá certo que as feministas exageram um pouco, agora, o que tem de propaganda machista por aí não é brincadeira.Valéria, Ouro Preto

Anônimo disse...

Que barbaridade! O ministro disse isso mesmo? Não tem como postar comentário ali do lado?

ju k disse...

oi, Ethel, seu blog é bem legal. valeu ter linkado, tudo de bom...bju

ps: ehhhh tenho 4 leitores hahaha