quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Parente é serpente

P: Estou cansada desta história de achar que família é tudo! Uma de minhas irmãs parece vilã de novela. Quando pequenas, se acontecia algo, ela colocava a culpa em mim e nunca era punida, com sua cara de santinha. Na escola, sempre se destacava. Hoje, já somos adultas – e continua a mesma história. Desconfio até que ela andou saindo com um namorado meu… E por mais que eu faça, é a preferida da família. Cirlene T.; São Paulo

R: Cirlene, no seu desabafo existem vários cenários (é assim que a gente analisa em marketing!) a pensar. Vamos lá. Primeiro, é a comparação: você X sua irmã. Segundo, como você percebe que os outros tratam as duas. E, finalmente, uma idealização daquilo que seria “perfeito”, ou esperado – um papel que sua irmã não preenche. Este é o cenário. Em uma empresa, existem duas saídas: tentar mudar o cenário (nem sempre é possível) ou adaptar-se a ele.

Comparar é preciso
Ao desenvolver um produto, um serviço – até mesmo ao contratar um colaborador! – estamos sempre comparando - embora a propaganda comparativa seja pouco usada no Brasil. O processo não é tão racional ou frio quanto muitos empresários apregoam que é. Se fosse assim, não existiriam tantas marcas. Não existiria propaganda. Não se compra um carro só para ir e vir. Não se compra uma roupa por causa do frio. Não se compra comida só para matar a fome. A propaganda, subliminarmente, está dizendo: “Compare este carro com os outros. Além de levar você para lá e para cá, você vai se sentir mais inteligente (porque é econômico), mais sedutor (porque é mais bonito)" - e tantas e tantas outras promessas. Ao se comparar com sua irmã, que mensagem escondida você está carregando?

Eu acho que os outros acham que eu acho…
Quem nunca se viu argumentando interminavelmente, dentro da própria cabeça? Se eu fizer isto, o outro vai fazer aquilo, então vai acontecer isto, e dai… Um história sem fim, que paralisa qualquer ação. Chega de bancar o detetive! Será que você não está estagnada, vivendo uma história que precisa andar para frente? As empresas analisam ação e reação, o que o consumidor pensa. No entanto, chega uma hora que é preciso agir, e a empresa que quer agradar todo mundo não agrada ninguém. Fuja desta armadilha.

Produto perfeito não existe
Ao se lançar um produto, aposta-se em um caminho e se abandonam outros. São decisões difíceis, mas não dá para construir uma empresa que faça de tudo para todos. A dificuldade, muito comum nos ambientes corporativos, é que o pessoal que desenvolveu o produto, ou a equipe de vendas, idealiza o que fez e se recusa a enxergar os problemas. E sem ver o problema, como encontrar a solução para aprimorar? O gerente fica lamentando as escolhas feitas, os caminhos abandonados e não vai em frente em vez de aproveitar as diferenças. Cecília Meireles tem um poema lindo que diz: “Ou isto, ou aquilo: ou se tem chuva e não se tem sol, ou se tem sol e não se tem chuva! (…) Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo… e vivo escolhendo o dia inteiro!” Um empresário pode oferecer o que tem de melhor, mas não pode decidir pelos clientes. No entanto, ele sabe que se o que peludoto é bom e o canal de comunicação está aberto para o público, uma parte vai ficar ao seu lado. Pode apostar.

SUA ESTRATÉGIA

1. As comparações são inevitáveis. O que você pode evitar é a forma negativa de reagir a elas. Aproveite a comparação para rever estratégias de vida, sua postura no dia-a-dia.
2. Não imagine o que os outros pensam. Não deixe que o discurso interno a imobilize. Como? Ao perceber que está com diálogo interno negativo, pare tudo (em marketing, é a pesquisa de clima na empresa). Escreva: -O que de pior pode acontecer? Depois, alinhave as várias mudanças que você pode realizar. Geralmente, a realidade é muito mais amigável do que a fantasia.
3. Confira se os canais de comunicação estão abertos. Pequenos problemas que se acumulam acabam gerando uma tormenta. As empresas tomam as medidas corretivas o quanto antes, e não generalizam os problemas. Uma reclamação de um produto ou serviço não significa que a indústria toda está falida. Nem tampouco que a equipe é ineficiente. Significa, somente, que há um ponto a melhorar. Mão à obra!
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PS: A todos que mandaram mensagens carinhosas, muito obrigada. E Feliz 2009! Senti saudades. Neste final de semana, com muito carinho, vou recomeçar a visitar todos meus amigos virtuais.

Um comentário:

fj disse...

É CASO PARA DIZER...como se diz em Portugal:

"...e quando não conseguimos vencê-los juntamo-nos a ELES..."

Abraços

... ainda bem que está de volta...gostei do seu regresso!
Fjorge