terça-feira, 22 de julho de 2008

Servindo a dois senhores

P: Estou tendo vários problemas pessoais, inclusive doença de familiares e uma separação complicada. Minha energia está em baixa e meu rendimento caiu um monte – fora a instabilidade emocional. Não tenho como pedir afastamento (posso perder o emprego!) e não sei se falo dos meus problemas no trabalho ou não! Helena C, consultora, Campo Grande

R.: A situação é difícil mesmo, Helena (parênteses: estou vivendo uma situação parecida – como diz minha filha, um período devastador - e tenho pensado muito no assunto. Explico ou não explico para meus amigos virtuais por que está difícil visitá-los sempre? É algo que interesse a eles? ). O retorno pode não ser o esperado e derrubá-la! Misturar ou não aspectos pessoais com profissionais? Dá para separar? Mas, como você mesmo falou, um lado interfere no outro. Se a vida profissional anda mal, a família, amores e amigos sentem de imediato. E vice-versa. Agora... Vá lá dizer para o chefe que você esta pulando dobradinho para dar conta de alguém doente, de uma depressão, ou mesmo de um inesperado buraco financeiro.

E quico?

Sim, pode ouvir uma resposta indesejada: -E que é que eu tenho a ver com isto?, que nós resumimos na expressão –E quico? Em propaganda, é muito comum este tipo de saia justa. O cliente quer “pra ontem”, o dia e a hora de entregar o material estão aí – a televisão não deixará de ir ao ar porque você ficou doente, o jornal não vai parar – o mundo continua girando, pessoas nascem e morrem. Também ficamos em dúvida se vale – ou não – a pena brigar por alguns detalhes ou informações. O cliente quer por que quer desta ou daquela forma. No fundo, a gente sabe que não é o melhor caminho – mas parece que ninguém escuta. Depois, quando tudo dá errado, se tem vontade de dizer: -Eu já sabia... Bom, melhor engolir, porque ouvir isto, é o que ninguém quer! E olha: já me aconteceu, e não foram poucas vezes. Uma delas, foi a de um empresário que bolou uma mesa que podia ser aberta para caber até umas 20 ou 30 pessoas, não lembro mais. Ficava enorme mesmo. Bolei o nome e discuti com ele o nicho a ser explorado. Sugeri pousadas, clubes, restaurantes, lugares onde se aluga coisas para festa. Enfim, não achava que era para “casa”. Por quê? Ora, vai lá comprar uma mesa que se usa uma ou duas vezes no ano! E quem é que tem uma sala onde cabe uma mesa de banquetes? Fora que o design não era dos dez mais. Mas para empresas? Puxa, ter uma mesa assim versátil. Super bacana. E quem disse que o fulano ouvia? Encasquetou que era para uso doméstico e não teve jeito. Lançado o produto... encalhado ficou! E bem que eu queria dizer – Não falei? Tem alguns casos cômicos, e outros trágicos – já perdi cliente por dizer a verdade, ou seja, não manipular os dados de pesquisa. Mas também já conquistei. No fundo, é a mesma dúvida que assola a pessoa que trai: contar ou não para o parceiro? Mas esta pergunta, sobre amores e amantes, respondo no próximo post, porque já está acumulando aqui um monte de questões sobre este assunto.

Questão de prioridade

O problema é como conciliar os interesses de dois senhores e enxergar as prioridades. De um lado, você pode pensar: -Bem, minha prioridade é meu filho, ou minha relação afetiva, ou minha saúde. Seria fácil decidir, se não houvesse um complicador: o trabalho, por exemplo, é a ferramenta que permite alimentar uma boa relação, ou garantir a saúde e o estudo dos filhos, a sua satisfação pessoal, que irá, por sua vez, alimentar uma boa relação, e assim por diante. Se chutar o pau da barraca, como ficam estes aspectos? Afinal, poucos podem viver de herança ou loteria. Assim, a prioridade da empresa é que você seja produtiva, contribua para os lucros e a manutenção da saúde... da corporação. No fundo, a questão que se coloca é: dizer a verdade ou mentir? Ir em frente, deixar como está ou mudar? Mentir para um senhor, em função de garantir a satisfação do outro? Ou dizer a verdade, correndo o risco de desagradar? Omitir é mentir? Que encruzilhada! Vamos ver com o pessoal de marketing encara tudo isto.

A Estratégia

1. Analise as implicações de contar o que está passando. As empresas fazem isto, antes de tomar uma decisão. Se retirar tal produto do mercado, por exemplo, mesmo que deficitário, abrirei espaço para a concorrência?
2. Verifique como está a relação no ambiente de trabalho – o que não é fácil. É o caso do “recall”, ou seja, quando as empresas admitem que um produto está com problemas e o recolhem. Nestes casos, a verdade parece sempre ser o melhor caminho. Um olhar atento mostra, no entanto, que as empresas bem sucedidas ao relatarem seus problemas tinham criado uma relação de confiança e estabilidade ANTES com o consumidor. Você tem esta relação no seu emprego? Isto demanda tempo.
3. Confira os reais motivos que estão por trás de uma decisão. Tem gerente que desenvolve um produto e, mesmo quando ele já encerrou seu ciclo de vida, não o quer “matar” – por pena, por medo de perder o poder ou ver seu território diminuído. Outros, “sabotam” alguns produtos, implantando estratégias com tudo para dar errado – e depois ainda saem como heróis. Por exemplo: pessoas que provocam a própria demissão (mesmo inconscientemente) ou uma ruptura de um relacionamento amoroso – pequenos atos, pequenas falas, que vão minando o que já foi construído alinham-se com tal abordagem.
4. Outra dica importante é sondar o que aconteceu com outras pessoas que passaram por situação semelhante, ou mesmo investigar em termos hipotéticos, para então decidir. As empresas perguntam antes de tomar qualquer medida que pode afetar todo o futuro delas! Conferem o que aconteceu em situação parecida.
5. Pense na possibilidade de utilizar um intermediário para fazer estas sondagens ou uma tentativa de diálogo inicial. Numa situação de fragilidade, é bom se proteger um pouco e ir devagar. As empresas também agem assim: usam porta-vozes, jornalistas, relações públicas como intermediários em situações de conflito. Uma terceira parte pode ajudar, até mesmo para que voe veja as coisas sobre outro ângulo.

PS: PEsquisa dos cartões: 7 votos para o número 4; 3 para o número 3, dois para o número 5. As criaçnoes 1 e 2 já estão fora! Não receberam nenhum voto... Snif, snif. Quer votar ainda? A Cristiane pediu ajuda aos univers... Ops! Aos blogueiros. Pois veja o post anterior e dê sua opinião!

12 comentários:

Lulu on the sky disse...

Bacana suas dicas
Big Beijos

Anônimo disse...

Aleluia!
Um belo retorno Scliar! Como sempre você vai ao cerne da questão e explica de forma simples e direta, praticamente cirúrgica!... Por isso adoro ler seus blogs. Estavamos saudosos de suas palavras!

Quanto a momentos devastadores, quem não os tem?

Um grande abraço!

Ronaldo

Ricardo Rayol disse...

certas coisas só amigos reais ajudam, e é claro um premio da mega sena acumulada.

Anônimo disse...

Então é o 4 que está na frente, legal.
Ethel, suas dicas são excelentes e vou guaradar para mim, preciso (e muito).
Um abraço.

Anônimo disse...

Oi, eu continuo gostando mais do 5 e depois do 3 kkkkkkk
E suas dicas claras, exequiíveis são excelentes.bjs. Si

HERBERT DRUMMOND disse...

Cara Scliar (prefiro chamá-la assim, se não se importa),
Ótimo que esteja de volta! Fez falta e bateu saudades nos seus amigos virtuais (entre os quais me incluo). Lembrei-me do Wally. Onde está a Scliar?
Por isso sua volta está festejada. Nada melhor para inflar o ego da gente do que a falta que fazemos para os amigos.
Vou recolocar o Womarket na Vitrine da Oficina para poder estar atualizado e visita-lo todos os dias.
Meu abraço.

Miss Joo disse...

Olá!
Parece que a preguiça também habita por aí...
Por aqui conto os dias para ir de férias.
Até...

anlene gomes disse...

querida ethel, por onde andas? afinal, como ficou a história dos cartoes? besotes :)

Ana Paula Soldi disse...

Ethel passei pra te dar um oi, desculpa o sumiço...beijossss

Ceci disse...

Passo para um abraço, vejo a postagem, lembro q ano passado passei grandes dificuldades nas perdas e doenças de familiares. E lembrei como me foram úteis o apoio terapêutico dos Florais de Bach. Se posso dar uma dica, falar é bom, mas não resolve se falamos para a pessoa errada. Então, precisamos de nos ajudar através dos recursos disponíveis. Saúde e superação. Abraços para Ethel.

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Tudo bem com você?

Dê notícias suas, viu.

Grande beijo

Fernanda França disse...

Desejo que vc conseiga resolver seu problema, querida. beijos, Fê.