terça-feira, 3 de junho de 2008

No grito

P: Eu tenho a impressão que ninguém me escuta, nem no trabalho, nem em casa. Chego a ficar nervosa – e, no final, eu tinha razão sempre! Será mesmo que vale a pena insistir e dar a opinião, ou o melhor é continuar cada um na sua? Olga M., SP

R: Que atire a primeira pedra quem nunca teve vontade de gritar: - Eu não avisei? Bem, melhor morder a língua e guardar a frase para si mesma, porque se a pessoa não ouviu antes, ouvira menos ainda agora... Diz o ditado que se conselho fosse bom, a gente não dava, vendia.

Abrindo portas
Outro detalhe interessante é quando a pessoa pede uma opinião, geralmente ela já sabe a resposta: ou seja, a chave para abrir uma porta só adianta se o outro já avistou a porta... Neste caso, geralmente ele já tem a chave na mão! Quem pede a chave, nem sabe por onde a porta anda.

Clientes cabeça dura
Já tive vários clientes que se recusavam terminantemente a seguir as minhas recomendações. As alegações eram variadas: que eles estavam pagando e, portanto, eu tinha que obedecer (urg!), que eles conheciam mais do próprio produto do que eu – o que, parcialmente, é verdadeiro. Mas de comunicação, quem é que entende? Eu, não é? Além disso, é muito complicado mudar de idéia, rever a própria posição. Por isso se investe tanto em fidelizar um cliente – ou seja, é aquela propaganda que reforça a idéia de que o fulano fez um bom negócio, a melhor opção, foi inteligente ao escolher aquele produto ou serviço.

Ouvindo o próprio umbigo
Ou seja: a propaganda reforça aquilo que o próprio cliente já queria ouvir. Quando é que o cliente está conquistado? É quando a pessoa pensa: -Mas era justamente isto que eu...queria, pensava, achava, precisava (complete com o verbo que julgar mais interessante!). Então quer dizer que não dá para inovar, ser diferente? Dá... Em termos. É preciso criar uma ponte, um chão em comum, em que o outro se identifique, para que a comunicação realmente ocorra e se complete. Se a mensagem, a idéia, for totalmente inovadora, é difícil que o outro a aceite. Em progaganda, existem várias propagandas polêmicas. Elas surtem efeito? Para polemizar, sim. Para alcançar o que se propõe – seja transmitir uma idéia, consolidar uma identidade de marca ou vender um produto, acho difícil. Por quê? Exatamente pelo que comentei acima: as pessoas criam uma barreira em relação ao que as agride, em relação às mensagens com as quais discordam. Veja alguns exemplos de propagandas polêmicas no final deste post.

A ESTRATÉGIA
1. Para ser ouvido, ouça antes.
2. Selecione um mensagem com a qual a outra pessoa concorde. Introduza o que é diferente aos poucos.
3. Utilize um código que seja compreendido pelo outro, sem subestimar ninguém, é claro!
4. Reforce o que quer dizer com várias abordagens: gestos, tom de voz, citações (como dizia fulano...), desenhos, escrita.
5. Faça pequenas sínteses e dê exemplos envolvendo o interlocutor.
6. Ao provocar a interação (experimente fazer assim, me dê uma mão aqui, etc.) você consegue a colaboração, monitora o entendimento e aumenta as chances de ser ouvido!

PS: Enquanto isto... Já pedi para a Cristiane várias informações para orientar a criação dos cartões. É o primeiro passo: dados objetivos (o que precisa ter no cartão); dados subjetivos (estilo, preferencias, etc.) e alvo (o que pretende alcançar ao distribuir os dito cujos).

PROPAGANDA CONTROVERSA: confira.



8 comentários:

Ricardo Rayol disse...

sempre sábias suas palavras, mas em relação a imagem da mata atlantica nem precisava do aviso, urgh.

Depois dos 25, mas antes do 40! disse...

Menina, não sei como você consegue responder tudo tão amarradinho assim, admiro demais esta sua competência. A gente vai lendo e não quer parar até o final.

Mas falando do post... que propagandas mais infelizes.... E que foto para terminar o post!!! srsrs

Mas olha, foi muito interessante ler a frase: "ouça para ser ouvido" sempre me policio para ouvir mais do que falar, mas percebo que as pessoas vão falando sem nem se dar conta do que seu ouvinte não está interessado...

Adorei também o post das idéias, anterior a este, super pertinente!!! Organizar idéias é uma arte.

Beijocas mil!!!!!

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Ethel, aprender a ouvir é muito difícil. Dar chance a vc mesma para esperar que o outro termine com as suas idéias é tb muito difícil. Eu tinha muita pressa em falar, em expôr as minhas idéias, porque pensava que as minhas idéias eram as melhores possíveis. Com a vida fui aprendendo que as outras pessoas têm idéias fabulosas melhores que as minhas até. Entao, passei a fazer o contrário: passei a observar mais e conseqüentemente passei a ouvir mais os outros. Assim como me abaixar e ficar de joelhos para ouvir às criancas. Pouca gente se ajoelha diante delas. Esse foi o meu primeiro quebrantamento. Com este gesto aprendo muito ainda hoje.

Grande beijo e boa semana

Lucia disse...

Nossa que fotos tristes! Anorexia e' uma doenca mental mesmo, pois como pode se achar que estao gordas?

Eu sou mt teimosa, sabe? Eu normalmente sou uma dessas que peco opiniao, ja quase tendo uma propria. Mas ao passar do tempo, aprendi a ouvir mais a opiniao dos outros.

E realmente ouvir a pessoa, nao so escutar, ao mesmo tempo digerindo o conteudo das palavras. Te deixa com a mente mais aberta e te ajuda a crescer bastante.

Acho que mesmo tendo opinioes diferentes (pois nao e' todo mundo que pensa igual), a gente ainda pode debater um assunto discordando um do outro ao mesmo tempo respeitando a opiniao alheia. E como voce aprende com isso!

Ciça Donner disse...

Égua nao acredito que perdi esses cartoes... poxa vida, faz logo outro sorteio vai Ethel!!!!

Menina, sobre as propagandas polemicas... acho que bem ou mal, elas tiveram sua funcao. Agrediram, pode ser, mas chamaram atencao tanto para o produto quanto para o problema! Por isso que pé de galinha nao mata pinto

Angela disse...

Oie

sempre gosto de ler o que vc escreve, porque realmente faz sentido !

Beijao e uma ótima semana prá vc!!!


Angela

Marcia H disse...

Nossa, caiu-me como uma luva, eu estou tentando ouvir mais e falar menos

nao sei se a da anorexia funciona, mas eu até gosto das propagandas da benetton

o Tom é muito fofo
bjs

Josefina Maller disse...

A fotografia de choque é importante para a tomada de consciência das pessoas. Se não se mostrar, ninguém sabe que existe. Sou a favor de tudo quanto mostre a realidade. Faz-nos crescer.