sábado, 19 de janeiro de 2008

Sogras e sogrinhas

P.: Minha sogra é bacana, mas tem vezes que dá nos nervos! Ela quer ajudar TANTO que acaba se intrometendo em tudo – resolve limpar a casa, deixar tudo em ordem, cozinhar, usar roupas e fazer coisas que nem minhas filhas adolescentes fazem! Não quero brigar, mas... Nilza, Santos

R.: Convivência com parentes é sempre complicado, ainda mais os que vão se agregando pelo caminho. Aliás, conviver, de todas as formas, é complicado: na família, no trabalho, com os amigos. Importante perceber a mensagem oculta, tanto a que você recebe, quanto a que ela envia (não são necessariamente a mesma coisa).

INVASÃO DE ESPAÇO
De um lado, está você. A invasão do seu espaço pode se dar de formas sutis: ao arrumar a sua casinha (com a desculpa de querer ajudar...) a mensagem pode ser: você é mesmo incompetente! Nem para manter a casa em ordem! Ou: onde já se viu, fica trabalhando, e não consegue cozinhar uma comidinha gostosa. Pior: se tiver filhos, há aquele olhar de complacência, tudo sorrisos. Mas tem certeza de que eles não estão muito magros? E daí para frente. As interferências são inúmeras e nem sempre tão diretas. Apenas causam um vago mal estar.

NÃO SE ESQUEÇAM DE MIM
Por outro lado, a amada sogrinha pode estar simplesmente enviando seus dados para dizer: estou aqui! Ainda não morri. Sou útil, necessária e jovem. Se não fosse eu... (o que até é verdade: se não fosse ela, o pimpolho que se transformou em seu bem amado não teria nascido). Mas como convencer uma pessoa que ela não precisa impor sua presença, nem competir em forma, gênero, número e grau para ser amada?

PALPITES DEMAIS
Democracia é bom, but... Palpite demais faz um estrago! Em propaganda, tem que ter paciência de Jó. Todo mundo quer por seu dedinho – afinal, clientes são alfabetizados, acham que sabem escrever, por que não mexer no texto, nos títulos? Pronto. Está feita a meleca. Esta história da criação de uma placa dá bem uma idéia de como fica quando todos metem o bedelho. O dono de uma famosa peixaria resolveu que era hora de fazer propaganda, afinal, é chique, não é? Modelos famosas, badalação... Depois de muita pesquisa, escolheu-se a agência. Primeira tarefa: sinalizar a entrada do empreendimento, com uma condição: usar azul, que lembrava o mar. O diretor de criação fez uma linda placa: “Aqui vende-se peixe fresco”. Levou para aprovar o layout. Discute-se daqui, discute-se dali, o diretor administrativo falou: - Olha, está lindo, mas (sempre tem um mas...), por que Aqui? O-B-V-I-O que é aqui, e não ali. Pois a placa não vai estar aqui? E lá se foi o diretor de criação, refazer a placa. Voltou: "Vende-se peixe fresco". Novas discussões. Novas confabulações. Então o diretor financeiro resolveu falar – Posso dar meu palpite? Ficou lindo, mas... Por que vende-se? Aqui não é uma entidade filantrópica, ninguém vai dar os peixes de graça. Volta o diretor de criação, já soltando fumaça pelas bufas. Nova placa: "Peixe fresco".

Quando está mostrando, passa o office boy. O dono da empresa chama: -O Juquinha, você que está sempre em contato com os clientes. O que acha da placa? E o Juquinha – Tá linda, mas... Para que este fresco? Ninguém vai vender peixe podre, vai? E afinal, fresco é uma palavra assim, pode complicar a empresa... Finalmente volta o diretor de criação com a placa, em letras garrafais: PEIXE. A mulher do cafezinho entra na sala e o dono não resiste: - Dona Maria, que é a voz do povo, o que acha? Ela pensa, pensa, e responde com seu olho arregalado: - Mas seu dotô, pra que placa? Nóis sente o cheiro do peixe lá de longe! E lá ficou a placa. Azul. Sem nada escrito.
Pois então, quando todo mundo mete a colher...

A ESTRATÉGIA
1. Não precisa excluir ninguém, nem a sogra. Mas defina os campos de atuação com clareza: o que é responsabilidade de cada um.
2. Por exemplo: se ela gosta de limpar ou cozinhar, especifique o quê, quando e onde: na sua casa, na dela?
3. Perceba até que ponto é você que abre espaço para a invasão, ou a intrusão é espontânea mesmo. Muitas vezes, pede-se a opinião por insegurança. Abriu a porteira, passou a boiada.
4. Defina, para você mesmo, o que é zona exclusiva – importante para você – e o que não é. O que é mexível, o que é imexível.
5. A equipe –você e o amado -, precisam estar de acordo ANTES de discutir com a agência (no caso, a sogrinha!)

3 comentários:

Depois dos 25, mas antes do 40! disse...

Adorei a história do peixeiro srsrs, por fim uma placa azul! Mas nem preciso me preocuprar com palpites da minha sogra, para não dar faíscas mal nos falamos srssr

beijocas e consegui postar coisa nova no blog, ufa!

beijocas e ótima semana!

Anônimo disse...

Olá!!
Valeu pela visita la no blog!! Quer dizer q vc vai palpitar muito?!!? hehehe
Adorei a historia da placa!!! hehehe
Minha sogra eh tranquila... o unico problema foi na epoca do casamento... ela queria palpitar demais e eu dei logo um corte!!!
Beijos, Dani

Anônimo disse...

Pior foi comigo. Quando conheci minha ex-futura sogra, ela veio toda faceira: -Que bom! Porque a outra namorada do fulaninho era mais velha, tinha filhos...
Detalhe: eu TAMBÉM era mais velha! Eu TAMBÈM tinha filhos... Va sair de uma saia justa dessas. Queria fazer um buraco no chão e sumir. Marina