quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Trair e coçar

P: Quem nunca deu uma escorregadela? O que eu quero saber é se devo ou não contar para o meu amado de todos os dias que, bom, sabe como é, que acabei tendo um casinho com outro. Zuleika, SP
R:
Zuleika, existem vários aspectos envolvidos nisto. Primeiro, é preciso definir o que é trair: um beijo? Abraços e amassos? Transar? Só pensar? Pensar muito em outro? Ter uma segunda relação em paralelo, estável? É importante que os dois lados falem a mesma linguagem. Se não... confusão na certa! Em propaganda, é o que a gente chama de ajustar o código. Quando vamos criar uma campanha, recebemos o “briefing”, que são as informações nuas e cruas. Destes dados, selecionamos o que é vital e importante para o público-alvo e descartamos o resto. Isto não tem nada a ver com propaganda enganosa, que é outra historia. Omitir é diferente de mentir. Ou não?

QUAL O SEU PACTO?
Por exemplo: importa para o cliente saber que a rebimboca da parafuseta é feita de aço cromado etc. e tal? Se não importa, para que colocar na mesa esta informação? Talvez o que ele deseje é luxo. Ou velocidade. Ou economia. Sabendo disso, fazemos um pacto com o cliente: você paga X e recebe em troca Y. Este pacto faz parte do jogo, e quando é rompido, o cliente sente-se traído. As reclamações no Procon não nos deixam mentir. Portanto, descubra o pacto que você tem com seu parceiro. Agora, atenção: existem pactos implícitos e explícitos. Tem mais: os pactos podem se modificar, porque as pessoas mudam com o passar do tempo.

EFEITOS COLATERAIS
Outra coisa importante, quando estamos criando a propaganda, é descobrir os “efeitos colaterais” – se eu disser isto ou aquilo, usar esta ou aquela imagem, que desdobramentos isto vai ter? Existe muita discussão em torno desse assunto, principalmente nas questões que envolvem preconceitos – usar ou não negros, mulheres magras demais, velhos e daí para frente. Às vezes, ao querer ser politicamente correto, exagera-se na mão e obtém-se justamente o efeito contrário. Portanto, ao contar, ou não contar, quais serão as repercussões que você vai ter? Você está contando por você, ou pelo outro? Em propaganda, muita gente faz lindos anúncios para si mesmo e o resultado é zero, ou pior.

PROPAGANDA NEGATIVA
A campanha abaixo foi desenvolvida para estimular o uso de camisinha. É um texto em estilo testemunhal (na primeira pessoa). Foi feita pela W/Brasil, uma agência bem famosa (não fui eu quem criou, nem o autor - mas anúncio é público, então dá para usar, né?). Ela tem tudo de ruim que você não deve fazer em uma estratégia... O que quero destacar aqui é um pedacinho só: “Depois de 3 meses de namoro, a gente foi fazer teste de HIV (que deu negativo) e fizemos um pacto: a gente não usa mais camisinha, mas se algum dia rolar uma transa fora do casamento, só se for de camisinha.” O problema é justamente este: o pacto. E como fica, se transar fora e sem camisinha? Como vai falar? Outra campanha era uma que falava algo assim, para a mulher: “Você vem em primeiro lugar.” E o mesmo blá,blá, blá de sempre. Só que... Em várias pesquisas realizadas, a gente já descobriu: a mulher RARAMENTE se põe em primeiro lugar. Primeiro são os filhos, depois o companheiro, depois o trabalho... Pode por um montão de coisas na frente e, lá embaixo, vai estar ela própria. Assim, de que adianta apelar para isto? Confira como não funciona.

Para descobrir o que fazer, leve em conta estes aspectos e táticas.

A ESTRATÉGIA
1. Pense no acordo que existe na relação.
2. Defina o que é ou não importante para você, para o outro e para os dois.
3. Visualize as conseqüências de falar e de não falar.
4. Seja qual for a opção aborde o tema utilizando o código e a linguagem adequada. Ferir e magoar os outros não leva a nada!

5 comentários:

Anônimo disse...

Nao gostei da propaganda. Primeiro "incentivo" a traicao. Mas se trair use camisinha. O que e isso? nao deve ter traicao e camisinha se deve usar sempre
www.cilenebonfim.com

Anônimo disse...

Oi Elena!

Seja muito bem vinda ao clube do livro ! Certamente seus comentarios serao muito enriquecedor para todos nos.

Quando tiver um tempinho venho aqui xeretar mais seu blog.

Muitos beijos e um otimo 2008 para voce !
Lys

Anônimo disse...

Ah, esta história de traição é complicada. Acabei tendo um casinho (one night) e resolvi contar para o meu namorado, naquela base da "verdade total". Total foi o caos. Acabamos rompendo, porque foi tudo complicado. Acho que ha verdades e verdades, mas esta foi a minha historia. Espero que tudo se resolva com você, Zuleika!

Ciça Donner disse...

Mana, tem certeza que tua proposta é propaganda? Algo me diz que é só a linguagem hahahahaha

Quando crescer quero ter esse poder

Anônimo disse...

Prá mim foi justo o contrario! Fiquei p. da vida quando descobri que meu marido (agora ex!) tinha tido um caso, e ele que vivia apregoando moralidades. Se tivesse falado, eu não ligava não. Conte o que resolveu depois, Zuleika!