domingo, 13 de abril de 2008

Hora do Adeus

P: Quando – e como! - se faz para dispensar um cliente? Fico sempre em dúvida se é a hora de dar um basta ou não. Lucas, SP
R: Assim como na vida profissional, também na vida pessoal é difícil romper uma relação. Para quem está de fora, parece simples. Os “palpiteiros” de plantão percebem claramente que a relação está cheia de problemas e se perguntam: por que continuam juntos? Sim, por que? Por que uma empresa continua com clientes que só criam problemas?

O doce passado
Por que ficamos com alguém quando é hora de dizer adeus e dobrar a esquina? Cada um pode buscar suas próprias explicações. Vou alinhavar aqui algumas, que a gente vê no mundo empresarial. Empresas mantém linhas de produto muitas vezes deficitárias. Outras, clientes que incomodam – e muito. Às vezes, é apenas nostalgia: clientes antigos, produtos que fazem parte da história do negócio. Os donos, presidentes, diretores, não querem abrir mão em prol dos “bons tempos”. Não percebem que os tempos são outros e é preciso deixar o passado onde ele deve ficar: no passado.

Pequenos lucros
Além disso, nenhuma relação é totalmente deficitária. Se o fosse, seria fácil romper com ela: quando todos estão perdendo, sempre se encontra uma solução. Se a situação persiste, é porque alguém está lucrando, mesmo que apenas um pouco. A empresa pode ganhar status com aquele cliente, ter esperança que ele cresça, ou amadureça, formando uma parceria mais profissional. É a tal história: quem sabe, com mais um pouco de empenho ou esforço, a situação não muda? Bobagem. Não muda.

Divergências sociais
Outro fator é a pressão do grupo. Nem mesmo numa relação a dois – onde se supõem que somente as duas pessoas envolvidas devem decidir o que fazer – deixamos de sofrer a pressão dos outros. São os amigos, defendendo a nobre causa do parceiro – tão bom, tão inteligente, o casal perfeito. Ou a família, perguntado sobre como “as crianças” vão ficar (e olha que “as crianças” podem ter 18 anos!). Nas empresas, são outros diretores, funcionários, técnicos – a própria imprensa. Como assim? Dispensar um cliente? Estão loucos?
Mas, vale a pena dizer, um pouco de loucura faz bem aos negócios. E à vida também.

Abrindo espaço

O grande problema é que estas relações que não terminam, sob a máscara do “agora não dá para romper”; “vai melhorar”; “tem coisas que compensam”, acabam drenando energia, tempo e criatividade. O empenho investido impede que se busquem novos horizontes, novos clientes. Continua-se com a rotina. E nada como a rotina para matar qualquer perspectiva de crescimento, pessoal ou profissional. Portanto, muitas vezes é preciso provocar uma crise para criar novas oportunidades – e enfrentar a tempestade para colher os frutos depois.

A estratégia
1. Imagine o pior que pode acontecer com a ruptura. Lembre-se: só existe uma coisa definitiva neste mundo – a morte.
2. Existem duas alternativas para a ruptura: morte súbita ou lenta agonia.
3. Morte súbita: prepare-se para enfrentar o “vácuo” que se segue ao rompimento. Isto significa reunir capital emocional e financeiro. Emocional, para agüentar as pressões contrárias e navegar contra a corrente. Financeiro, para se manter – ou manter a empresa – até conquistar novas possibilidades.
4. Lenta agonia: precisa disciplina! Organizar uma rotina de transição, em que se buscam outras oportunidades e, ao mesmo tempo, gera-se um afastamento vagaroso. Confesso que para mim nunca funcionou. Por exemplo: só consegui um emprego melhor, ou alanvancar minhas consultorias quando não tinha mais nenhuma alternativa – caso contrário, ia levando na rotina. Aliás, alguns clientes, hoje, olhando para trás, vejo que deveria ter dispensado, pois era, na verdade, trabalho escravo. Mas estas histórias ficam para outro post: a gente aprende!

13 comentários:

Ciça Donner disse...

"Existem duas alternativas para a ruptura: morte súbita ou lenta agonia."

Se nao fosse 100% lesbogay eu daria um beijo na tua boca agora

Lucia disse...

Na minha empresa nao e' assim nao, eles despedem mesmo alguem que nao esta fazendo sua parte ou que nao se encaixa com o perfil dela depois de um tempo (entao aqueles preguicosos ou com falta de profissionalismo que tenham cuidado). De um grupo de 45 funcionarios com os quais comecei, acho que ate hoje (quase dois anos mais tarde), uns 14 ja sairam ou foram despedidos.

Quanto a relacao a dois... se nao esta dando certo, mesmo depois de tentar, talvez fiquem juntos por medo do incerto. Talvez estejam acostumados com a rotina, acham que nao tem nada melhor, medo de nao saber como vai ser sem a outra pessoa e a desculpa mais ridicula do mundo... ficam juntos por causa dos filhos (sou super contra a isso e tenho varios motivos a respeito). bjos

Simone corpomente e artes disse...

Oi,
já vivi "morte súbita e lenta agonia", e confesso q a súbita é melhor,no meu caso!Realmente fui atrás das oportunidades, mesmo assim mtas vzs q preciso me decidir, fico um tempo....em longa agonia.Mas creio q c o tempo isso melhore.bjs. Si.

Anônimo disse...

Obrigada pela visita e por assim, me lembrar que eu tbm fazia tempo que não passava aqui.

Engraçado Ethel, como o mundo empresarial se parece com a casa da gente, não é?

acho que é por isso que mulheres são ótimas quando lideram empresas.

Ei, vc já é avó?? gente, mas que linda avó vc é, hein? nem parece.
Quero ser bonita assim quando chegar minha vez (que espero estar ainda beeeem loooonge)...
Bjs

Anônimo disse...

é preciso uma dose muito grande de coragem tambem.
Bjs

Fernanda França disse...

Às vezes dá vontade de dispensar chefes também, não? risos... Não hoje, mas um dia já tive essa vontade, ah se tive! (mas numa relação em que você é subordinado e praticamente dependente da decisão do outro para manter seu emprego, acabamos de mãos atadas). Adorei a história do Maurício de Sousa. Uau! Nem me fale que eu começo a imaginar eu tirando foto com ele, risos... sou fã de carteirinha. E olha, sou fã de poucos a esse ponto, de querer conhecer. Ah, o endereço do Dicionário que você mencionou não veio, depois me passa? beijos, Fernanda.

Anônimo disse...

Demitir um cliente pode tornar-se necessário quando tudo aquilo que você tem a oferecer já não o satisfaz e, para satisfazê-lo seria necessário se afastar dos princípios, valores e missão da sua empresa. Clientes, todos eles têm um custo e, quando esse custo ultrapassa aquilo que nos dispusemos a gastar com ele, está na hora de mandá-lo para a concorrência. Na vida pessoal ou no campo profissional se dá o mesmo, só que com variáveis afetivas de outros matizes. Já mandei algumas para os concorrentes e outras me mandaram também. Quanto a cerimônia do adeus, uns a preferem longa, outras no modo "morte súbita", ambas, dependendo do caso e do momento tem sua serventia. Tem alguns clientes que antes de largá-lo é bom fazê-lo sofrer um pouco, assim como maridos ou esposas...Outros, trata-se de dar-lhes a oportunidade de encontrarem a felicidade em outros pampas. Em todos os caso, a protelação sine die é maléfica para todos. Como dizia o meu pai: "Se vai, diga adeus antes que seja tarde". Tem empresas com clientes detestados, esposas com maridos insuportáveis e maridos com esposas deploráveis que não se largam. Todos tem o medo do corno. Quem ainda não teve um é porque está com deficiencia de cálcio.

Anônimo disse...

São bons conselhos, mas não torna mais fácil o rompimento. É sempre dificil deixar um cliente antigo.

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Oi Ethel, tudo bem?

Eu acho que temos que ter um jogo de cintura muito bom, ou empresarial ou mesmo para ser administradora do lar,rs.

Mas confesso que existem clientes que comem os nervos de algum empresário, mas no final o que vence mesmo o o caixa forte que entra.

Ótimos conselhos. Se nao der pra se resolver ao menos refletir.

Abracos e até sexta-feira.

Ví Leardi disse...

Não só no trabalho,isto tudo se aplica não é?Ótima análise.
beijos.

Ricardo Rayol disse...

gostyei das dicas, estou num processo de lenta agonia com um cliente rs.

Luma Rosa disse...

Quando não se está satisfeita, começasse as cobranças de coisas que antes nunca foram cobradas. As insatisfações vão sendo colocadas à mesa para que a parte perceba que deve haver uma mudança. Isso tanto faz, se relações de trabalho ou pessoais. Chega o ponto que é limite e que a decisão vem com as demonstrações, com argumentos para a quebra do vínculo. O único senão que muitas vezes seguram as partes são as cláusulas de quebra de contrato. Dizem que só conhecemos com quem nos casamos na hora da separação. É assim também para as empresas. Beijus

Ana disse...

Adorei esse post ! Eu tenho uma pessoa assim na minha vida profissional, e eu reluto em me livrar da pessoa, porque ela é "importante", renomada, etc... até meu marido repete o que tah escrito ali na parte "Abrindo espaço". Beijocas.